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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

- Um dia eu inventei uma analogia

Eu sou míope, sabe? Tipo assim, muuuito míope, do tipo que acorda e a primeira coisa que faz é colocar os óculos. Do tipo que vê borrões, não lê nada, não vê pessoas, chuva, assalto, cachorro ou papagaio. Enxergo tudo embaçado sem óculos, anyway. E eu sou dada a pensar em coisas nada a ver... hahahahaha.

Eis minha analogia: o coração também é míope. É. Às vezes não conseguimos ver beleza em nada, nem ninguém. Não conseguimos esticar nossos braços pra tocar o belo, para chegar ao outro. Não vemos o amor, quando é óbvio pra todo mundo. Nã
o nos alegramos com nada. Não nos emocionamos, nem indignamo-nos, revoltamo-nos. Nothing else.

O Elias José vai além, nos lança uma pergunta-amedrontadora: ‘Estarão nossos’ olhos opacos, sujos e desatentos para vivenciar, com toda carga de humanidade o espetáculo da vida?’ Humanidade. O Michaelis define humanidade como “sf (lat humanitate). A natureza humana; o gênero humano; sentimento de clemência de homem para homem; benevolência”. Nós somos humanos,
e é parte sermos sensíveis, sentimentais, bobos, revoltados, indignados. Insensíveis não. Cruéis não.

Talvez o sofrimento nos deixe míop
es de alma. Talvez tenhamos cansado de levar na cara, tentar e acreditar sempre. Talvez a impossibilidade da mudança tenha nos revoltado a ponto de não vermos mais. Talvez o cansaço e a rotina tenham embaçado nossos olhos. Talvez, quiçá, quem sabe...

E há o espaço da mudança. O momento que colocamos nossos óculos e olhamos o mundo colorido, nos detendo em cada nuance, cada tom. Coloco meu óculos e vejo tudo claro, tudo limpo, e quando estou de lente então, nem se fala! Eu vejo e me a
dmiro até com as formigas.

Porque o fato é que você pode ser míope e nem saber, já que você está tão acostumado a não ver que simplesmente acha que esse é o comum. O padrão é ver – nem que passe bati
do. Lembro que a primeira vez que usei óculos me impressionei em como as coisas eram definidas... Hahahahaha. Achava quase mágico ver os detalhes – me acostumara mal sem saber. O Elias citou a Cecília, e deixo ela pra nós, como um óculos novo.

“Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, pra poder vê-las assim.”

Um comentário:

  1. Nossa!!! sempre que tenho um tempinho, venho aqui ler seu blog e fico maravilhada!
    Obrigada por compartilhar conosco este dom tão lindo!!
    Te amo

    Hortência

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