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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O politicamente correto acarretando males



O politicamente correto está corroendo tudo! Ninguém mais pode ter opinião que desconsidere algum grupo, ou estigmatize – mesmo que ligeiramente. Talvez a idéia de não usar palavras pejorativas ao fazer referências seja interessante, se não tornar-se prisão. Explico: não dizer não significa não pensar! Esse é o grande segredo que os radicais se esquecem.

Enquanto pesquisava para escrever esse texto, me deparei com a cartilha “Politicamente correto & Direitos humanos” (BRASIL, 2004). Na apresentação, o Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, chama a atenção para as palavras que usamos “mas que, na verdade, mal escondem preconceitos e discriminações contra pessoas ou grupos sociais” (p. 3). Sim, precisamos nos atentar a linguagem que utilizamos. Certo.

Eu, por exemplo, por ser professora, tomo cuidado com os termos que falo, porque observo que meus alunos, de alguma forma, reproduzem minhas atitudes. Não falo palavrões, evito colocar apelidos e fazer generalizações, mas minha crítica é a prisão que tudo isso pode ser tornar.Sim, porque manter o termo correto sem uma des-construção do preconceito, de nada adianta. O tema veio a minha mente por causa do bafafá em que Boris Casoy se meteu ao criticar os garis. O jornalista disse: “Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades, do alto de suas vassouras. Dois lixeiros! O mais baixo da escala do trabalho”.

Opinião profundamente preconceituosa, sim. Mas, mais do que ser criticado, não é mister que Casoy tenha o direito a sua opinião? Para, quem sabe, sentir seu teor preconceituoso e desconstruí-la?

Pedro Sette-Câmara, diz que “se é crime achar qualquer coisa, se é crime correr o risco de estar errado diante dos ‘politicamente corretos’, então o melhor pode ser não ter opinião nenhuma sobre diversos assuntos.”. Mas, e se eu quiser ter opinião? Pior, e se minha opinião for contra a maioria?

Enfim, precisamos de opiniões honestas sobre tantos assuntos! A hipocrisia afunda o país, acarretando mais mal que bem, quando ignora a necessidade de ensinar respeito, fecha os ouvidos para o preconceito enraizado e cala as vozes dissonantes, que permitem o diálogo.

Como disse um camarada: para se separar as reais boas intenções do ridículo, basta tratar qualquer pessoa com respeito.

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