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sábado, 30 de julho de 2011

Ainda há o que dizer?


MelGama
Ainda há o que dizer. Sempre há o que dizer. Se às vezes a vida parece acontecer em câmera lenta, em outros momentos acontece como num vulcão, derrubando e assustando. Mal se consegue pensar.

Ataques na Noruega. Ataques na Líbia. Ataques nas favelas, nas cidades. E uma dor. Uma tristeza que beira o insuportável e é vizinha do insuperável.

Mas então há uma alma sequiosa que deseja. Exige. Nossa resposta a ela é a não-desistência, que a sacia como água.

Viver demanda ânimo.

Ainda há o que dizer. Nas esquinas tomadas pela dor, nas cidades tomadas pelo caos. O insuportável se aloja ao nosso lado e o despercebemos.

Nos acostumamos em ser embrutecidos pela força da violência e nos calamos. Nos habituamos a pais de família desempregados, a crianças famintas no sinal, a ter nossos impostos desviados, a ver nossos políticos mentindo, a ver nossos governantes ignorarem o que é urgente.

Até quando preencheremos o dia com o superficial?

Até quando não questionaremos?

Se ainda há o que dizer, porque nos calamos? 

Se ainda há o que fazer, porque estamos parados?

~Blankenho
 Ainda há pessoas morrendo na fila do SUS, esperando atendimento. Ainda há doentes mentais sem qualidade de vida. Ainda há grávidas que quase morrem esperando atendimento. Ainda há crianças que não tem escola. Ainda há bandidos controlando o tráfico do lado de fora da cadeia. Ainda há times construindo estádios milionários com dinheiro público. 

Até quando elegeremos políticos que nos ignoram, Brasil?

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Fundo do baú

Se descobrir bonita depois de anos se sentindo como o patinho feio, não tem preço. Redescobrir a autoestima no fundo de um baú, empoeirada, cheirando a mofo e alquebrada, é mesmo incrível. O mais doloroso de se sentir mal a respeito de si mesmo é que existirão maldosos, invejosos e mentirosos pelo caminho, dispostos a concordar com o pior de você mesmo.


Não falo só duma estética não, mas do conjunto. Porque descobrir beleza em si mesmo é enxergar um tipo de verdade. É ver o que há de mais bonito e apreciar. É como se acostumar a ver-se sempre num espelho arranhado, escuro e quebrado. Não é nítido, não é real. É estranhamente distorcido.


E quando você finalmente consegue se enxergar, tanta coisa muda. É mesmo um tipo especial de acontecimento, onde você descobre coisas incríveis sobre a pessoa que mais convive e que, por isso mesmo, mais deveria conhecer. Você pode enfim ver que seu nariz é meio torto sim, mas isso não tira a beleza dos seus olhos, nem do seu sorriso. A pele não é de seda, mas não é nada que um peeling não possa dar jeito.


Sentir-se feia traz um tipo de peso sobre os ombros, uma estranha sensação de dor e incapacidade. Vivemos numa sociedade que cultua beleza, então sentir-se fora disso tira, de certa forma, a habilidade de enxergar mais do aquilo.


Então você se descobre... Que momento feliz! E porque você descobre, se cuida com tanto carinho.


Porque a descoberta não é só de quão belo você pode ser... É de como você é uma pessoa incrível. Disposta, animada, corajosa, amada. A descoberta da beleza é um momento de autoapreciação e de autoaceitação. Sim, não sou alguém perfeito, mas gosto de mim desse jeito.


O patinho tornou-se um cisne lindo e corajoso – e ele sabe disso! Sabe quão feliz e quantas coisas boas merece. E se não ainda as obteve, tem garra para lutar por cada uma delas. Porque o cisne conhece sua força, sabe seus limites.


As distorções que tentaram fazê-lo acreditar não passam de mentiras, das mais deslavadas e incoerentes. Descabidas! O cisne é belo, é real e sabe disso. Nada mais escapa aos seus olhos, que há muito aprenderam a discernir a verdade da mentira, o afeto generoso da falsidade, a alegria da inveja, a beleza da feiúra.


Porque o belo não está na perfeição milimetricamente calculada, mas na singularidade de ser o que se é. Nas imperfeições, defeitos e medos. Nas dores e nas marcas. Nos dissabores. Nos enfrentamentos pela verdade, pela justiça. Na liberdade de ser o que se é, sem dever a ninguém àquele doce sabor, a não ser à própria fé.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

fim de férias

Irei voltar a trabalhar. Preciso quero não, mas serei obrigada a fazê-lo. A pessoa digna que pesquisou sobre funcionários deprimidos que voltam a trabalhar tem todo meu apoio. Acordar tarde, ler de madrugada (não existe horário melhor!!), sair, comer besteira, viajar, areia, praia, mar, Maceió.
Minha rotina me desgasta tanto, mas tanto, que custo acreditar que existe vida fora dela. Planejamentos, provas, testes, aulas, broncas, indisciplina, sensação de incapacidade, desinteresse, cansaço, madrugar, livros, tarefas, correções. Dá pra sentir saudade disso?
Num passado longínquo e muito distante, antes de eu descobrir eu-mesma-feliz e de pernas pro ar na praia, até rolava um oun! que saudade dos meus pirralhos. Mas agora que esse é meu trabalho tipo 50h por semana e os alnos não são mais fofuras, não mais.
Vou olhar pros benefícios e me jogar. Não tem plano B aqui AINDA. Aliás, até tem, mas ainda é um plano-pra-um-futuro um pouco distante. Vamo que vamo! Alunos pentelhos, eu voltei, mais chata que nunca!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

coração dividido

De um lado, a alegria da casa, do outro, a tranquilidade por estar de férias.
Saudade da cama, das amigas ao alcance de um telefonema, da comida da mãe, bem quentinha. Os amigos de sempre, os cultos de domingo na igreja, ver os amigos, papear, sair no fim do culto. Meus livros. Meu carro, a facilidade de andar onde sei chegar à maioria dos lugares. Comer e passear em lugares tão familiares. Cidade que a gente conhece tem esse sabor: coisa familiar. Já conheço os sabores, as cores, até as nuances amargas.
E daí tem a praia. Aquela sensação única da onda subindo, descendo. O cheiro de sal, a areia que gruda em todos os poros. A maresia da noite. E o tio mais-favorito-de-todos-os-tios e a futura tia mais legal que nunca. E as comidinhas que fazemos, as descobertas no fogão novo. Acordar 5h da manhã achando que já é manhã. Experimentar casquinha de siri. Comer peixe frito, peixe assado, caldo de peixe, barato e gostoso.
Entre o que se conhece e o que é eventual. Entre o estranho e o familiar. Entre o amor e a saudade. Entre a rotina e o desconhecido.
Férias... Não vá embora, sua linda!