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sábado, 7 de maio de 2011

Broken heart


Essa semana perdi minha sobrinha. Uma linda mocinha, que estava crescendo forte na barriga da mamãe dela, mas foi vítima de má formação.

Sim, eu sei que Deus sabe de todas as coisas. Sei que essas coisas acontecem; que foi melhor assim. Ouvi inclusive, de uma boca insensível que eu devia ser forte pra lidar com coisas assim.

Sabíamos que ela estava sofrendo. Era uma bebê agitada na barriga, devido aos problemas que teve ela não dormia, não descansava, já havia perdido massa encefálica. Muitos dias nós oramos por um milagre, outros tantos para que ela não mais sofresse, oramos para que o Senhor fizesse Sua vontade. E Ele fez.

Mas, ah, como doeu! Houveram dias que eu chorava e me perguntava como era possível amar tão profundamente um ser tão, tão pequenino. Porque eu a amo muito.

Eu dizia, muitas e muitas vezes: como é possível amar tanto um serzinho que ainda nem nasceu? Eu começava a pensar, enquanto trabalhava ou dirigia e só minhas lágrimas expressavam a dor que sentia.

Minha pequenina sobrinha faleceu essa semana, quarta-feira. Lembro da minha enorme alegria quando a Sophia nasceu. Aquele bebezinho, tão amado, tão especial. Conseguia ver as partes do seu corpinho na ultrassom como nunca antes. Queria comprar todos os brinquedos, macacões. Hoje quero comprar vestidinhos, livrinhos, batons, bonecas, bolsinhas e jogos.

E eu já pensava como seria feliz ter duas sobrinhas. Depois disseram que era menino. E eu pensava como seria o máximo ter um sobrinho. Então vieram as más notícias e todo nosso sofrimento. E o amor, esse sentimento incrível, foi tomando conta de cada parte do meu coração e da minha alma. Sinto como se eu não quisesse amá-la absurdamente, porque sabia do prognóstico.

Mas o amor é mais forte que a morte. Porque amo muito, muito, muito a Julia Amanda. Carrego no meu coração a dor de ter perdido alguém que eu amava, mesmo que esse alguém ainda nem pesasse um quilo. Mesmo que eu não tenha coragem de perguntar à minha irmã, que foi a única que a viu, como era o rostinho dela. Mesmo que ela medisse a palma de uma mão aberta.

O amor, esse sentimento incrível! Invade, delicadamente, cada célula, cada vaso. Contagia, inunda, traz esperança, traz novos sonhos. Sonhava com seu nascimento, imaginava sua personalidade...

Acredito que no céu não haverá dor, nem lágrimas. Sei que, de alguma forma, a Julia Amanda lá estará feliz e saudável. Porque o amor, ah, ele permanece. E não deixa de esperar, confiar, crer no melhor. Julinha, você foi muito amada. Das poucas certezas, sei que não lhe faltou amor.

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