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quarta-feira, 7 de março de 2012

Greve e conscientização, a realidade como é







             Os professores da rede estadual estão em greve há mais de vinte dias, porque um absurdo e ilegal plano de cargos e salários foi aprovado. Imagine quantas crianças estão de greve, quantos vestibulandos, quantas mães sem saber onde ficarão seus filhos. Esses professores, pensa você, são mais um grupo de funcionários públicos sanguessuga, merecem mesmo o salário que tem.
             Ledo engano. Jamais vi uma greve assim. Em qualquer lugar que você vá existe alguém que se indigna com o salário recebido pelos educadores ou a forma que o governo tem tratado sua carreira. As pessoas não acreditam mais nas mentiras veiculadas nos jornais. Vivemos, ainda bem, uma era onde meias-verdades não são mais aceitas. Ou as pessoas se cansam do estado das coisas.
             Digo isso porque – além do educador - ninguém conhece melhor as condições da rede estadual de ensino do que os pais dos alunos. São eles que levam seus filhos à escola e vêem as péssimas condições das salas, com cadeiras quebradas, quadros em que mal se lê, a situação dos banheiro, os professores inexistentes na escola do filho. São eles que vêem os esforços dos diretores, o cansaço dos professores que se esforçam para dar o melhor ensino a seus filhos. São eles, não o governador, ou os tutores, tampouco o secretário da Educação. Em hipótese alguma são os deputados da base governista ou o presidente de algum partido jovem.
             É o pai que mal teve condição de estudar, a mãe que fez colegial noturno para trabalhar e deseja o melhor para seu filho. Qualquer pai e qualquer mãe podem enumerar para você um retrato das condições de ensino dessa rede, que faz propagandas de verdade duvidosa.
             São estas pessoas que estão apoiando a greve. Indivíduos que conhecem a realidade da escola não podem ser facilmente manipulados porque a verdade está marcada em suas mentes. E são todos esses que apóiam a greve. Hoje ouvi de uma mãe que seu filho adolescente está sem aula, mas ela concorda com a greve, pois a maneira que os professores são tratados é absurda.
             Em minha recente entrada nas redes públicas de ensino eu jamais vi uma greve tão amplamente apoiada. Penso que o governo não imaginaria que teria todo esse desgaste. Suas propagandas comemorando o salário pago é facilmente desmentida! O secretário divulgando quão boa é a nova carreira não está surtindo efeito. O novo plano de cargos e salários que retira direitos adquiridos e mina sua carreira não é comemorável.
             Me alegro em dizer que mesmo que se diga que os professores são uma classe preguiçosa, meros cabos eleitorais, massa de manobra dos comunistas (não imaginava que isso fosse um insulto ainda hoje!) ou quaisquer outras ofensas, elas são – e serão – facilmente derrubadas pela verdade.
             Sim, a verdade! Esse objeto em desuso, pouco encontrado nos políticos e suas falácias é conhecido de quem convive com um professor e vê sua dedicação. Seus turnos de trabalho, seu esforço em fazer trabalhos em casa, sua dedicação à prestar um trabalho de qualidade. A verdade, meus caros, é que o professor trabalha de verdade e não ganha 14º, 15º salários ou bônus por corrigir suas provas, fazer cursos, pesquisar novos métodos ou não desistir daquele aluno difícil.
             Em suma, os goianos estão cansados se ser tratados como idiotas. Reagem ao ver que o professor de seus filhos é atropelado por exigências. Reclamam ao se lembrar de professores que marcaram sua história e tem sua aposentadoria minada. Os goianos exigem respeito a esta classe que trabalha por amor ao que acredita sim, mas que não é sanguessuga, deve ser bem paga e respeitada. Os goianos estão acordando de seu coma político. Ainda bem.

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