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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ô tiiiiiiiiiiiiiia!

Tem umas coisas que eu não gosto como professora e abomino eternamente como professora. Chiclete. Fofoca. Piti. Grosseria. Gritaria.
Vai ver esse é meu jeito de mudar o mundo, de ensinar caminhos diferentes, de compartilhar como eu vejo as coisas. Ou então é pura chatice minha, vá saber.
Mas ser humano tem essa coisa de continuidade, essa necessidade de passar pro outro o que viveu... E a gente marca a vida daquele serzinho que brilha os olhos quando consegue fazer a divisão depois que você disse que ele conseguiria. E ele leva mais livros pra casa e trata melhor os colegas, e se esforça mais pra conviver...
Gosto disso na minha profissão. Rio dos absurdos que escuto. E também brigo, esculhambo, fico brava, decepcionada. E feliz e sorridente quando dá certo.
Porque tudo que ando pensando ultimamente é se é iiiiiisso mesmo que quero pra minha vida. É??????
Tem dias que eu adoro, mas meu salário não acompanha minhas motivações. Tampouco o interesse dos alunos acompanha meu desejo. E o desrespeito. O desgaste da minha saúde. O cansaço. A quantidade de trabalho pra fazer em casa.
Você é só professora ou tem uma profissão também?

domingo, 14 de agosto de 2011

Ninguém me disse que seria assim..

Cheguei na escola no primeiro dia de aula e uma das mais queridas alunas me diz que havia perdido a mãe nas férias. Vontade de colocar no colo, trazer a mãe de volta, sei lá.
Dias depois ela desabafa, em forma de revolta, sua dor, me dizendo que era um absuuurdo eu ainda morar com minha mãe. Eu senti o tom de revolta na voz, no olhar e a na postura. Ela me perguntava, muda, se era justo eu ser uma adulta e ter meus pais juntos e ela, uma criança, não. Eu não soube o que dizer, apenas sorri e a deixei falar.
Ninguém me disse que eu teria que lidar com o luto assim tão de perto, nem que doeria tanto. Não há, confesso, profissionalismo que resista.
Ela é uma criança, uma menina e se esforça pra fazer tudo como sempre, pra ser a estudante brilhante, a menina alegre, mas alguma coisa se perdeu no caminho...
Não há quem possa recuperar, não há o que se possa fazer. A menina de tiradas irônicas não é mais engraçada. Sua ingenuidade de criança se perdeu.. E eu assisto àquilo tudo. E dói demais. Especialmente porque não consigo saber o que fazer. Contemplo, apenas, uma das minhas alunas favoritas (confesso, tá? Ela é especial, sempre foi) sofrendo insuportavelmente. E a vida continua, ela tem que continuar. Ela não terá mais sua mãe para lhe disciplinar. Seus olhos não brilham mais do mesmo jeito.
Sexta ela me disse que foi tirar o RG e eu digo que tirei o meus aos 16 anos, ela olha pra mim e diz "foi quando você perdeu sua mãe, professora?", como alguém que pede uma esperança, uma corda de salvação, como dizendo, "por favor me diga que há uma luz no fim do túnel, que há uma esperança".
Ela sempre me chamou muita atenção, parece que sempre compreendi como ela se sente, me vejo nela, em tantos aspectos. Ela já passara por muitas coisas na vida, se tornara forte ao sabor das circunstâncias. Já havia saído de sala para conversar com ela sobre assuntos que nada tinham a ver com a sala de aula. Na reunião que tive com sua mãe lhe disse isso, inclusive e ela me deu todo apoio para fazê-lo.
Nas últimas semanas de junho eu soube que sua mãe estava investigando um câncer e eu nós oramos. E eu me lembro da sensação que eu quis ter que ficaria tudo bem, que nada seria confirmado...
Minha aluninha que me disse um dia que quando crescesse teria um namorado "lindo, loiro, alto, crente, rico, inteligente e que toque bateria" não tem mais a mãe pra estar ao seu lado. Ver isso dói. É quase insuportável.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

#sinceridades

Primeiro dia de aula. Passo dando visto na tarefa de revisão, uma aluna que usava óculos não está com eles, questiono-a e comento "ah, meu grau aumentou". Uma aluna olha na minha própria cara e diz "ah, professora, você fica MUITO FEIA com aqueles óculos. Ele é fundo de garrafa, NÉ?". E você pensa que algum dos outros 32 discorda? NÃO!!! Quase em uníssono eles me dizem que eu não combino com óculos e que fico ESQUISITA DEMAIS. Então tá, né? Ainda bem que existe a lente de contato! \o/

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Meu jardim

Aluna: Profe, não é verdade que quando um homem bate em mulher chamam ele de covarde? O Joãozinho quer me bater. Vou denunciar ele pra Maria da Penha. (oi?) 

vontade de gargalhar, #confesso
T:  eu explicar pra vocês. A Lei Maria da Penha é muito importante, porque no Brasil, a cada 7 segundos uma mulher apanha do marido. 
me choco com os olhares chocados
 
Essa lei foi criada porque o brasileiro ainda tem o hábito de resolver tudo na ‘porrada’.  A Maria da Penha foi uma mulher que apanhou muito do marido, ela já não anda mais por causa disso. Então ela lutou pra que esse tipo de crime não ficasse sem punição.



A conversa ainda fluiu, ainda uns 10 minutos, mas depois tive que cortar - senão adeus qualquer outra coisa. :P

Valem muito pra mim os momentos que tenho discussões importantes assim com meus alunos. Me sinto um Lair Ribeiro (fui antiga, né?) da vida, porque os olhos impressionados deles não desgrudam e não perdem uma só palavra.

Penso que ser professora, mais do ensinar conteúdos, é plantar sementes de reflexão, que trarão mudanças. Já amadureci e rompi muitos preconceitos com discussões assim, em sala.
 
Minha platéia é curiosa, interessada e pensa. Muito! Passamos ainda um bom tempo discutindo violência. Tenho inclusive uma aluna que perdeu a mãe, quase bebê, assim. Ela foi assassinada pelo pai, inconformado com o fim do casamento. Outro dia ela me abraçou e disse que sou parecida com a mãe dela ‘que morreu’.
É possível não amar, se apegar e dar o melhor pra esses pequenos?
#amomuitotudoisso