Descobri que há uma feminista que me habita e ela fala
o que pensa. E se pensa que precisa protestar, ela vai lá... E protesta!
Em Goiânia esse ano teve Marcha das Vadias. Fomos,
Lilian e eu. Tive uma ideia brilhante para um cartaz, pesquisei outras duas e
nos preparamos.
Marchei porque sou favorável ao respeito pela mulher. Marchei
porque não admito que uma mulher – como eu – seja chamada de vadia e
desqualificada por isso. Marchei porque tenho consciência e sei que se não
questionarmos o status quo as coisas jamais mudarão. Marchei porque sou
feminista e desejo que outros também sejam. Marchei porque não sou a favor ao
aborto, mas favorável à escolha de cada mulher. Marchei porque desejo andar na
rua sem medo de ser estuprada. Marchei porque desejo que minha sobrinha cresça
num mundo onde as mulheres sejam respeitadas e bem pagas. Marchei porque desejo
que meus filhos não cresçam numa sociedade em que seis, de cada dez mulheres,
sofre algum tipo de violência sexual. Mas sobretudo, marchei porque o que
acredito não é da sua conta.
Então fomos na Marcha e isto gerou algumas polêmicas sérias,
especialmente envolvendo o nome da marcha e o fato de sermos cristãs e termos
ido.
Sou super fã de Jesus. Sim, aquele Jesus que aparece
na Bíblia. Na minha (humilde) opinião ele foi um cara revolucionário: ele
respeitou uma mulher quando ninguém mais fazia. Ela não passava de um objeto,
podia ser devolvida a qualquer hora e ainda por cima foi pega em adultério. Joga
pedra nela! – gritavam em coro os moralistas revoltados. E Jesus? Ele não tinha
pecado, gente, e Ele a respeitou. Jogou na cara de todo mundo a sujeira que
existe embaixo do tapete e a libertou.
Eu tenho tanto pecado quanto qualquer outra pessoa. Não
me sinto no direito de me levantar e criticar qualquer pessoa que seja. Mas me
sinto na obrigação de defender o direito de quem quer que seja.
Não sou uma pessoa super importante, daquelas super
influenciadoras, mas quem convive comigo sabe como penso. E não tenho vergonha
disso, ao contrário, tenho orgulho do fato de ter recebido uma educação que me
ensinou a questionar, ao invés de simplesmente aceitar.